quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

''julgo ter compreendido...''

hoje, mamãe morreu. ou talvez ontem, não sei bem.
do fundo do meu futuro, durante toda esta vida absurda que eu levara, subira até mim através dos anos que ainda não tinham chegado, um sopro obscuro, e esse sopro igualava na sua passagem tudo o que me propunham nos anos, não mais reais, que eu vivia.
compreende, compreende o que eu quero dizer?
ninguém, ninguém tinha o direito de chorar por ela.
e eu me abro pela primeira vez a terna indiferença do mundo, talvez, por o sentir tão parecido comigo.
julgo ter compreendido, e me sinto libertado, me sinto outra vez calmo.
é como se durante este tempo todo tivesse estado à espera deste minuto... nada, nada tem importância e eu sei bem porquê.

trechos de O Estrangeiro - Albert Camus
meu livro de cabeceira, meu eu escrito antes de me entender a mim..

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